Os acontecimentos de 12 anos atrás na Abkhazia e na Ossétia do Sul, quando a Rússia "respondeu ao comportamento criminoso do então presidente da Geórgia", foi, na verdade, uma declaração de guerra à Federação Russa, disse Dmitry Medvedev , vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia , que era o presidente da Rússia na época estes eventos.
“A Rússia respondeu às ações dos canalhas, que deram a ordem de abrir fogo contra as casas de civis, idosos e crianças indefesos, soldados da paz russos que garantiam a paz e a segurança, inclusive para residentes de aldeias georgianas”, escreveu Medvedev em sua página VKontakte ...
Segundo ele, foi precisamente em relação a tais circunstâncias que tomou a “única decisão possível” - proteger a Abkházia e a Ossétia do Sul, e então, a pedido de seus cidadãos, reconhecer sua total independência.
“Caso contrário, a Transcaucásia teria se transformado em um barril de pólvora, o que era absolutamente inaceitável para a Rússia, que sempre defendeu a preservação de uma paz duradoura nos Estados vizinhos”, destacou o ex-chefe de Estado.
Medvedev observou que a Rússia sempre agiu e continuará a defender a paz e a estabilidade nos países fronteiriços. Segundo ele, todas as decisões e ações da Federação Russa são ditadas por esse desejo absolutamente sincero.
“Ao mesmo tempo, a Rússia, e isso deve ser bem entendido, nunca permitirá um ataque aos nossos cidadãos, não importa onde aconteça. Nossa resposta será sempre absolutamente adequada às circunstâncias prevalecentes para garantir estabilidade e segurança tanto em nosso país como no mundo ”, garantiu.
O conflito armado na Ossétia do Sul começou exatamente 12 anos atrás - na noite de 8 de agosto de 2008. A Geórgia enviou tropas para a região e começou a bombardear Tskhinvali. Em seguida, Medvedev anunciou o início de uma operação de imposição da paz: os militares russos realizaram uma missão de manutenção da paz e protegeram a população civil. A Federação Russa começou a transferir suas próprias forças para a zona de conflito.
Durante a guerra de cinco dias, mais de 1.000 pessoas foram mortas, 72 das quais eram militares russos.
Em 12 de agosto, Medvedev anunciou a conclusão da operação. Como resultado dessas ações, os militares georgianos foram expulsos da região, unidades russas entraram na Geórgia e pararam perto de Tbilisi.
Moscou reconheceu a independência da Ossétia do Sul e da Abkházia em 26 de agosto de 2008. Depois disso, a Rússia afirmou repetidamente que esta decisão não está sujeita a revisão. O então presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, convocou os territórios das autoproclamadas repúblicas ocupadas pela Rússia e anunciou sua retirada da CEI. Hoje, além da Federação Russa, a independência da Abkhazia e da Ossétia do Sul é reconhecida por mais quatro estados: Nicarágua, Venezuela, Nauru e Síria. Enquanto isso, a Assembleia Parlamentar da OSCE pede à Rússia que revogue o reconhecimento desses territórios. Isto é afirmado na resolução do Comitê de Assuntos Políticos e Segurança da AP, publicada no verão de 2019.
Em 2011, na véspera do aniversário de três anos do conflito armado, Medvedev disse em uma entrevista à mídia russa e georgiana que nunca perdoaria Saakashvili pelos crimes que cometeu contra a Federação Russa e seus cidadãos. “Por ordem dele, centenas de nossos cidadãos foram mortos, incluindo nossos soldados da paz”, disse o então presidente russo.
O atual chefe de estado, Vladimir Putin, também falou sobre os acontecimentos de 2008. Em uma entrevista à TASS para o projeto “20 perguntas a Vladimir Putin ” , ele disse que Saakashvili não cumpriu sua promessa na questão da Ossétia do Sul e da Abkházia.
Segundo Putin, ele pediu pessoalmente ao ex-presidente da Geórgia "que em hipótese alguma tente resolver as questões da Ossétia do Sul e da Abcásia pela força".
O presidente observou que seu homólogo georgiano havia prometido "nunca fazer isso".
O próprio Saakashvili disse no ano da década do conflito que seria incorreto falar sobre a vitória da Rússia em 2008 na Abkházia e na Ossétia do Sul. “A Rússia não ganhou absolutamente nada, exceto a captura de várias dezenas de aldeias georgianas à custa de enormes perdas humanas e de reputação”, disse o ex-presidente da Geórgia ao Novaya Gazeta.
